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Vantagens e desafios da empresa familiar

Historicamente, inúmeras gerações de filhos e filhas seguiam a profissão de seus pais para dar continuidade aos negócios da família, tornando-se responsáveis não apenas pela continuidade da empresa no mercado, mas também pela reputação da marca junto ao seu público-alvo.

E, nos últimos anos, cada vez mais esse modelo de empresa familiar tem crescido em número por todo o país nos mais diversos segmentos, sendo uma importante base do empreendedorismo nacional. Conforme pesquisa do SEBRAE e do IBGE, elas já representam 90% das empresas no Brasil.

Assim, como as empresas “não familiares”, elas possuem características próprias dentro da sua estrutura organizacional que acabam impactando significativamente em toda a sua atuação profissional, nos seus resultados e até mesmo em relação ao seu futuro. Neste artigo, apresentamos algumas vantagens e desafios deste tipo de negócio.

O que é uma empresa familiar?

Uma empresa familiar é aquela que possui duas ou mais pessoas da mesma família exercendo vários papéis e funções específicas dentro do próprio negócio. Pode ser um sócio que detém uma participação percentual sobre o controle da empresa ou mesmo um administrador que possui um nível hierárquico elevado e com poder nas tomadas de decisão da empresa.

Existem aquelas cujo comando e atuação no mercado já se encontra na segunda ou terceira geração no comando de seus negócios (filhos, netos ou até bisnetos de seus fundadores). No caso das microempresas, os exemplos crescem exponencialmente nos mais diversos setores do mercado nacional, onde é possível encontrarmos casais de empreendedores que trabalham junto com seus filhos, irmãos, sobrinhos e outros níveis de parentesco.

Estas empresas podem ser classificadas conforme a sua constituição estrutural e administrativa:

1. Empresa familiar tradicional:

É a que engloba aquelas nas quais o controle e operação são feitas pelos membros da própria família. De capital fechado (como a grande maioria das empresas brasileiras que são micro, pequenas e médias) e pouca transparência financeira/administrativa, sua atuação é feita de modo intuitivo e de acordo com o dia a dia do negócio.

2. Empresa com administração familiar:

Semelhante ao modelo anterior, sua gestão ocorre de maneira mais profissional, onde os cargos e suas respectivas responsabilidades são preenchidos de acordo com os conhecimentos e as experiências exigidas para cada liderança ou colaborador. Nela, são admitidos cursos diversos para aprimoramento profissional e aquisição de profissionais técnicos ou com formação superior para o crescimento da empresa.

3. Empresa familiar híbrida:

Este modelo de empresa possui uma gestão mais profissionalizada, onde os cargos mais importantes e estratégicos são ocupados por gestores profissionais cuja capacidade servem de atribuição para suas atividades dentro do negócio. Ainda que o seu controle seja exercido pela família (detendo assim o seu controle acionário), possui capital aberto para o incremento dos seus negócios.

4. Empresa de controle ou de investimento familiar:

Também possui capital aberto, mas a família não buscam mais o controle administrativo do negócio. Nesse modelo, os cargos de gestão, independente de sua relevância estratégica, são ocupados por profissionais capacitados dentro do seu mercado de atuação. Ela ainda pode ser considerada uma empresa familiar devido à participação indireta da família quanto à sua administração (através de uma parcela significativa das ações, patrimônio ou ativos do negócio).

Quais são os modelos de gestão das empresas familiares?

De acordo com a cultura de cada empresa, existem várias possibilidades encontradas no seu modelo de gestão:

– Gestão Paternalista:

Aqui quem manda é o sócio majoritário que centraliza o poder de todas as decisões importantes relativas ao negócio, não importando a sua qualificação profissional em relação aos seus familiares, lideranças e subordinados. Às vezes, isso pode representar um grande problema para o desenvolvimento da empresa, pois os resultados podem ser comprometidos pela falta de bagagem profissional ou aprimoramento profissional por parte do decisor.

– Gestão Participativa:

É quando as decisões não são mais centralizadas e não depende apenas de uma única pessoa, dando espaço para seu compartilhamento com profissionais da área e que não pertençam obrigatoriamente ao núcleo familiar. Nesse caso, os interesses do grupo se sobrepõem ao interesse individual, colaborando para o crescimento da empresa (mesmo que a tomada de decisão final seja feita pelo gestor da família).

– Gestão Laissez-faire:

A expressão laissez-faire significa “deixe fazer”, dos verbos em francês: “laisser” (deixar) e “faire” (fazer). Resumidamente, isso significa “liberdade pata funcionar sem interferências externas”. Nesse modelo, a relação de hierarquia e poder familiares se mantém para as tomadas de decisões estratégicas. Aqui, independente de fazerem parte ou não do núcleo familiar, os gestores/lideranças são considerados de confiança e possuem certa autonomia para decidir sobre os melhores meios para se alcançar os objetivos da empresa.

– Gestão Profissional:

Aqui a gestão é entregue aos profissionais do mercado que demonstram mais experiência e qualificação para o incremento do negócio. Neste modelo, os membros da família reconhecem a necessidade da eficácia, objetividade e inteligência para uma tomada de decisão mais assertiva.

Quais as principais vantagens de uma empresa familiar?

No Brasil e no mundo as empresas familiares continuam a crescer, ainda que ao longo do seu desenvolvimento elas tenham se moldado às mudanças e às exigências de mercados bastante dinâmicos e competitivos. Algumas das características desse modelo de negócios, contém vantagens atrativas para muitos empreendedores (já que ainda existem muitas empresas antigas que continuam ativas no mercado e que tiveram sua origem no seio familiar). Entre as suas principais vantagens, estão:

– Agilidade nas tomadas de decisão:

Modelos mais horizontalizados de gestão, podem ser mais democráticos, mais ricos em ideias ou propostas e até produzir resultados melhores (pela interação de mais pessoas), mas são também mais burocráticos e demorados para produzir desfechos.

– Envolvimento e Compromisso:

Por mais que a necessidade de uma faceta mais profissional seja necessária, é inegável que o nível de entrega costuma set maior por parte de um gestor que é membro da família. A sua participação ativa, dedicação e comprometimento são fundamentais para o sucesso de um negócio.

– Flexibilidade e disponibilidade:

Os gestores familiares costumam apresentar maior flexibilidade e disponibilidade para todas as questões que envolvem compromissos da empresa, já que possuem liberdade e acessibilidade nas situações que envolvem interações com gestores de outras áreas do negócio.

– Comunicação:

Quando a comunicação é feita diretamente com os gestores familiares, as tomadas de decisão costumam ser mais diretas, evitando a burocracia que costuma ser encontrada nas empresas “não familiares”, onde há um rito de hierarquia e de etapas a serem observadas para a solução de um problema ou efetivação de um negócio.

– Confiança:

A confiança é um item indispensável para quem ocupa um cargo estratégico dentro desse modelo de negócio. Mesmo que não possua uma bagagem profissional, o membro da família haverá de mostrar empenho, busca pelos interesses comuns e os mesmos valores da cultura organizacional dentro de uma empresa familiar.

Quais são os principais desafios de uma empresa familiar?

Na empresa familiar, há uma conexão entre duas organizações com estruturas próprias: o negócio e a família. Como geralmente não existe uma fronteira nítida entre uma esfera e outra, existem muitas vezes uma dificuldade em separar a parte emocional e intuitiva da parte racional para o desenvolvimento e sucesso do negócio.

Além disso, os laços afetivos poder influenciar comportamentos, relações e decisões nos negócios da família (abrindo espaço para a presença de divergências e conflitos pessoais). Entre os principais desafios a serem superados, estão:

– Liderança:

Ter uma liderança assertiva e positiva é essencial para se alcançar bons resultados. Afinal, uma autoridade de cargo não é a mesma coisa que uma autoridade conquistada pelo conhecimento, experiência e competência. Ter o mesmo sobrenome não significa ter preparo e/ou perfil para o desenvolvimento de uma liderança eficaz sobre a equipe.

– Políticas internas:

A inexistência de regras e normas claras e previamente definidas internamente acaba por gerar um clima organizacional prejudicial para o bom andamento do negócio. É preciso estabelecer o que fazer e como seus colaboradores devem se portar diante de diferentes situações do cotidiano da sua empresa familiar.

– Planejamento estratégico:

O planejamento estratégico costuma ser um grande desafio dentro das empresas familiares (principalmente entre pequenas e microempresas). Elas simplesmente “vivem” um dia de cada vez, onde geralmente as tomadas de decisão ocorrem diante de situações meramente pontuais. Esse modelo de gestão é paternalista, onde uma missão é confiada a um parente ou familiar.

– Questões pessoais e profissionais:

Um desafio presente nesse modelo de negócio familiar é saber separar as questões familiares na hora de uma reunião de trabalho. É preciso privilegiar os interesses do negócio em detrimento dos interesses pessoais de cada membro da família, focando no coletivo e investindo mais nas decisões baseadas em informações inerentes ao mercado.

– Responsabilidade financeira:

As questões financeiras são outro desafio frequente, especialmente quando o lucro é tratado como fonte de renda dos sócios, gerando uma dificuldade em separar o que é dinheiro da empresa e o que é o dinheiro da família. É preciso que haja uma definição sobre o que é salário ou pró-labore de cada parte envolvida para que a diferença seja sempre aplicada no próprio empreendimento (amparando assim o futuro da empresa). O planejamento financeiro deve vir antes da compensação do negócio.

– Profissionalização da equipe:

Ocupar uma posição de destaque na empresa apenas pelo grau de parentesco é um dos erros mais frequentes nesse modelo de negócio. Isso traz consequências negativas e impacta os resultados a serem obtidos, caso não haja uma busca pela profissionalização. É importante se qualificar através de cursos, treinamentos e programas de educação corporativa.

– Falta de atualização:

É preciso estar sempre atento às transformações do mercado em que se está atuando. Uma empresa familiar não pode se fechar às tecnologias e ao que há de mais moderno dentro do seu mercado de atuação. Seja no uso de ferramentas ou quanto à incorporação de profissionais da área para que o negócio se expanda e conquiste mais clientes. É preciso que os gestores familiares e os membros da família estejam dispostos às mudanças necessárias para o sucesso do seu negócio.