Muitas vezes, não damos o valor justo para determinadas coisas que precisamos ter em nossas vidas. Mas, é preciso mudar esse conceito. Afinal, sempre iremos depender de algo ou de alguém em um determinado momento de necessidade. Pode ser o conserto de um bem material a ser prestado por um especialista que resolva o problema com extrema eficiência e facilidade.

O ator Pedro Cardoso disse certa vez, em uma entrevista sobre a valorização do seu trabalho e de outros artistas, que no Brasil as pessoas valorizam os bens, mas não valorizam os serviços. Que o brasileiro é capaz de comprar um apartamento, de frente para o mar, por milhões de reais. Porém, se um pintor cobrar vinte mil reais para pintar esse mesmo apartamento, o serviço dele será considerado “caro” demais.

Esse fato se aplica também a uma história em que um empresário de uma grande organização estava com o seu notebook apresentando defeitos quanto ao seu funcionamento. Vários técnicos foram chamados para resolver o problema, mas não obtiveram o sucesso esperado. Até que um dia um técnico chegou, olhou o aparelho por todos os ângulos durante uns quinze minutos e então resolveu tirar uma chave de fenda de sua bolsa para apertar um parafuso. Feito isso, o notebook começou a funcionar imediatamente com perfeição.

Feliz com o conserto, o empresário perguntou ao técnico sobre o valor do serviço prestado. O profissional lhe respondeu prontamente que ficaria em mil reais. Achando que o serviço ficou “caro”, reclamou com o profissional: “Ora, você levou apenas quinze minutos, apertou um único parafuso e está me cobrando mil reais por isso?” O especialista então lhe respondeu: “Por apertar um parafuso, cobrei um real. E por apertar o parafuso certo com a ferramenta certa, cobrei novecentos e noventa e nove reais”.

Qual é o valor do seu valor como profissional?

No Brasil, em qualquer profissão, não são raros os momentos em que as pessoas querem dar um valor específico ao nosso serviço. “Poxa, mas são só algumas páginas!”, “Essa causa já está praticamente ganha”, “Vi um modelo igualzinho na internet”, “Hoje com um aplicativo até eu consigo fazer isso” (essas são algumas das coisas que acabamos ouvindo por aí).

Às vezes, um especialista perde um cliente porque cobrou um determinado valor para uma demanda específica e aparece outra pessoa (que trabalha na mesma área de atuação) dizendo simplesmente que cobra cinco vezes menos para atuar no mesmo processo. O que muita gente não percebe nessa questão, é o quanto de experiência e qualificação estão envolvidas nessa tarefa. Muitas vezes o que parece ser “em conta” ou “barato” pode sair bem caro lá na frente.

Como um bom profissional, só você sabe o quanto custou aquele curso técnico, faculdade ou mestrado em Direito, Engenharia ou Design que precisou fazer por anos, por exemplo. Só você vivenciou as diversas horas de estudo e de preparação, os vários livros comprados, os dias de trabalho até mais tarde em um escritório ou em casa nos finais de semana ensolarados. Todo o investimento que você fez (ter o melhor material de trabalho, internet, aluguel de espaço, os tributos a serem pagos etc.) para chegar finalmente onde está. Esse é o seu valor e ninguém escolhe isso por você!

Saiba valorizar o seu trabalho e fazer com que o cliente entenda isso

Saber valorizar a sua experiência e o seu trabalho é importante no momento de precificar a sua mão de obra. Não tenha receio de dar o seu preço e saber a razão de estar cobrando o seu valor como profissional. Quanto mais segurança e conhecimento você passar para o cliente, mais ele se sentirá confiante nas suas habilidades. É o bom resultado das suas ações que vale no final das contas. Não importa o tempo que você leva para resolver o problema, e sim a sua efetividade.

Isso não significa, é claro, que você tenha que ser inflexível na hora de dizer o seu preço e a condição de pagamento. Pode haver uma margem para se negociar, conceder descontos, parcelar o seu serviço com o cliente. Tudo é uma questão de conversa e negociação.

Existe uma famosa frase de Henry Ford (grande magnata do setor automotivo) que resume muito bem e com maestria esse pensamento: “Se tivesse perguntado às pessoas o que elas queriam, elas diriam cavalos mais velozes”. Ou seja, não é sobre o que as pessoas dizem que querem, é sobre o que elas sentem e realmente precisam de verdade. E, às vezes, nem elas mesmas sabem direito.

Lembre-se: se uma pessoa busca pelos seus serviços, ela está lhe procurando por não possuir condições de fazê-los. Então, por qual motivo é ela que deve determinar o valor do seu trabalho? Apertar um parafuso, qualquer pessoa consegue. Agora, saber apertar o parafuso certo e com as ferramentas adequadas é para poucos!